sábado, 11 de agosto de 2012

COADJUVANTE OU ALMA GÊMEA???


Esta semana uma querida amiga me falou a respeito do “fim” das relações. Relatou uma teoria da qual obteve conhecimento através de uma pessoa que, segundo ela é um sábio capaz de levar a vida mais leve.

A ideia é simples. Cada pessoa tem 32 ‘almas gêmeas’ que conhece ao longo de sua existência, vivencia momentos, bons ou ruins e em seguida, no seu devido tempo os laços se desfazem naturalmente.

Calma, você não irá precisar ter 31 relacionamentos afetivo-amorosos para finalmente ser feliz no 32°! Todos estes personagens executam diferentes papéis em sua vida. Pode ser pai, mãe, amigos, namorados, etc. ou até mesmo aquela pessoa que você acaba de conhecer, com a qual possui incrível afinidade e que por algum motivo passa apenas algumas horas em sua companhia. O fato é que estas 31 pessoas são fundamentais para preparar-te para a 32°!

E como saber quando trata-se de uma ‘alma gêmea’ ou de uma 'pessoa comum'? Mais uma vez a resposta é bem simples. Conforme a explicação desta minha alma gêmea, que apenas transmitia o conhecimento obtido por talvez outra alma gêmea dela, sabemos se é ou não é, pois uma autêntica e verdadeira definitivamente lhe proporcionará CRESCIMENTO. Entendi que evoluir através das relações é a ideia central da teoria, que para mim, fez tanto sentido que aplica-se à prática com clareza. Sou bem capaz de  identificar algumas ‘almas gêmeas’ de minha vida e consequentemente lembrar-me o que de fato eu aprendi e ainda aprendo com cada uma delas.

O assunto surgiu, pois estávamos justamente falando sobre pessoas que não mais compartilham momentos ou participam de algum modo de nossas vidas, mas que de alguma forma foram muito importantes. Pessoas anteriormente indispensáveis ao nosso viver e que atualmente são apenas lembranças.

Penso que a teoria não anula a nostalgia da ausência, entretanto, permite uma melhor compreensão dos motivos pelos quais algumas pessoas não se fazem mais presentes! Compreender permite-nos um “luto” saudável, mas ainda sim doloroso!

No decorrer de sua existência surgirão muitas pessoas que trarão benefícios ao seu desenvolvimento, seja pelo AMOR ou pela DOR e certamente você também as irá beneficiar. Logicamente, nem todos serão almas gêmeas, aliás poucos farão uma diferença tão positiva, porém não menos importante.

Concluo que identificar o que cada ser lhe traz de precioso é o que lhe torna apto ao CRESCIMENTO. Nem sempre serão flores, mas quem sabe você não precise mesmo é de espinhos?!

É muito triste perceber o quão as pessoas não se responsabilizam por suas vidas. Com frequencia, frases prontas são jogadas de modo vitimado e com evidente intuito de culpar outras pessoas por determinada realidade, em sua maioria, infeliz!

O que se é hoje é fruto de um comportamento anterior único e exclusivamente seu! É resultado daquilo que você fez com todas as coisas que lhe foram oferecidas por almas gêmeas ou simples coadjuvantes de sua vida!

Reflita!

sábado, 14 de janeiro de 2012

MOMENTO SCHOPENHAUER

Depois de um bom tempo, resolvi escrever. A sensação é que posso talvez retirar o que sinto aqui dentro usando as palavras. É como contar a alguém, desabar. E como não há ninguém aqui... Sim, você é um ser sociável e completamente sozinho. Eu diria que esta regra é um tanto quanto contraditória, sendo quase uma maldade do “acaso”.

Nos últimos dois dias a horizontal têm sido minha posição preferida, e a minha companhia a melhor que posso ter. O mal estar e a dor são só meus e ninguém pode senti-los. Não é nada grave, o médico, assim como a bula do antibiótico garantiram que irá passar no mais tardar em sete dias.

Algumas pessoas deixam passar despercebidas gripes, alergias, infecções, resfriados, etc e tal. Eu não. Quando as tenho, reflito sobre quão vulnerável é o ser humano e como quase todos, incluindo eu mesma, se comporta como se fosse intocável, inatingível. A maioria valoriza coisas completamente absurdas. Felizmente, desse time eu não faço parte. Pode parecer estranho, aliás devo ser mesmo uma “mina estranha”. Tive uma crise de choro ao ver aquela multidão de chineses alienados, aguardando ansiosos, a abertura da loja oficial da Apple sediada em Pequim. Eles estavam completamente alucinados, e acreditem, por um celular, apenas um celular. Espero que um dia criem celulares comestíveis, pois nós, como eu costumo dizer em momentos pessimistas como este, “malditos humanos”, ainda não percebemos que eles não matam a fome e nem curam doenças.

A cultura oriental afirma que problemas nos rins sinalizam medo. E sim, há algum tempo perdi muito de minha coragem. Logicamente ainda resta alguma coisa dela, e o meu otimismo a carrega nas costas, sem queixas, sem desistências.

Minha saúde mental é automaticamente atingida quando algo em meu corpo vai mal, pareço outra pessoa. A avolia é representada pela pressão que marca 9.6, ao passo que as 115 batidas por minuto interpretam minha angústia.

Fico então deitada por uma ou duas horas sem me mexer. Lembro-me de algumas perdas. Lembro-me da juventude sendo consumida pela ausência de saúde, exatamente como éramos consumidos pela presença da total impotência.  

Me entristeço profundamente ao perceber que ao invés de passar com o tempo, algumas dores, ainda muito piores que a física, irão me acompanhar. Sinto vontade de não estar ali, então respiro cada vez menos e mais devagar. Minha visão fica primeiro amarelada, depois verde e depois mais escura. As cores vão passando como ondas, amarelo, verde, preto. Oscilam contra minha vontade, pois meu desejo é que o preto predomine. Sou vencida por um movimento involuntário e então meus olhos se fecham. Sincronizadas, as lágrimas caem devagar. Posso senti-las marcando minhas têmporas e chegando aos meus ouvidos. Elas gritam. Você está viva! E eu respondo mentalmente. Eu sei, mas hoje, só hoje ficarei inerte!

Amanhã recomeço, e tudo volta ao normal!

sábado, 17 de setembro de 2011

COISAS OU PESSOAS ???

Quando você é uma solteirona de plantão, acaba percebendo que o “Mercado” dos relacionamentos está um pouco defasado. O amor está enfrentando uma crise, enquanto os relacionamentos relâmpagos estão inflacionados originando uma queda de valores.


Os solteiros não confiam uns nos outros. Aliás, as pessoas não acreditam mais umas nas outras. A expressão "solteiro sim, sozinho nunca", virou moda! O que mais se ouve é: “ninguém presta mesmo, então....”

Existe um conformismo absurdamente visível e pouco questionável quanto à instantaneidade “afetiva sexual”. E o pior de tudo, é que existe ainda uma generalização. Se você está solteira, está “na pista”, ou na “prateleira”. Não há nada que diferencie uma mulher que quer apenas dançar e se divertir, de outra que quer mais é “beber de graça” a noite toda, e com muita “sorte” voltar para casa num porsche. "A Jéssica tá louca", e ao que me parece as Marias, Teresas e Helenas também...Deve ser exatamente por este motivo que a maioria dos homens fazem questão de contar o quanto custou a garrafa de whisky.

Já dizia Zeca Baleiro que “nada é de graça, nem o pão, nem a cachaça”! E o preço da “Sociedade do Fast Food” é alto e injustamente pago por todos.  Os rótulos já estão fixados! “Nenhum homem presta”, “As mulheres só ligam para o dinheiro”, “As loiras são burras”, “Todo mundo um dia vai trair”, “Todo mundo tem seu preço”, etc e tal...

Oras, onde anda o senso crítico? E onde se escondeu o discernimento? Porque a maioria das pessoas simplesmente engole esta realidade garganta abaixo e se comporta como tal? O que leva o cidadão a “beber, cair e levantar” sabe-se lá de que cama e voltar sem mais explicações para sua vida vazia?

É comum ouvir “Enquanto não encontro a pessoa certa, me divirto com as erradas”. Pois eu prefiro o sábio ditado: “Antes só, do que mal acompanhada”. E o motivo disso? É bem simples. O cara certo está em algum lugar desse mundo fazendo coisas certas, procurando a mulher certa, que igualmente age de forma correta. O raciocínio é lógico, ou seja, a probabilidade de encontrar o cara certo num caminho errado é quase nula!

A verdade é que no fundo, e para alguns é bem lá no fundo, todo mundo suspira na hora do “Felizes para Sempre”.

Então a pergunta é... O que faz a maioria das pessoas acreditarem na afirmação “ninguém vale nada” e não no amor verdadeiro?

Venhamos e convenhamos, é hora de se comportar de acordo com os sentimentos e não unicamente com os instintos. Está ficando tarde e é preciso ignorar a ilusão de que ser foda é esculachar na cama, “pegar” tudo mundo. Aliás, que termo é esse??? O que ninguém conta, é que a “transa alucinante” da noite anterior, no dia seguinte, não passa de um grande balde de água fria sinalizando que o sexo casual dos relacionamentos instantâneos, é na verdade solúvel em “lágrimas”.

Parece dramático? Moralista? Como quiser, o fato é que os consultórios psiquiátricos e as clínicas psicológicas estão superlotadas de pessoas que não conseguem lidar com suas angústias e aflições, e sequer sabem o por quê se sentem assim.

Para os desinformados, comprovadamente a Depressão será o mal do século 21, seguida de outras psicopatologias associadas à banalização das PESSOAS potencializada pela supervalorização das COISAS.

Quando será que iremos escutar a voz de Nando Reis ao afirmar que “O mundo está ao contrário e ninguém reparou”, ao passo que estamos construindo “Milhões de vasos sem nenhuma flor”?! Será que teremos que esperar o Segundo Sol para realinhar as órbitas dos planetas??? Enquanto este Sol não chega, "dos cegos do castelo me despeço e vou, a pé até encontrar, um caminho, o lugar pro que eu sou"!

sábado, 20 de agosto de 2011

BONECAS DE PORCELANA


Um dia retornamos de férias, e nos deparamos com lindos olhos azuis.
A simpatia foi tanta, que não demorou muito tempo para que conquistasse a todos.
Que alegria receber um novo membro na turma, ainda mais provido de tanta graça!
Os mesmos olhos azuis eram capazes de transmitir ternura e força. Com uma opinião sempre muito bem formada, a ternura era substituída instantaneamente por enorme teimosia. Conversa daqui, argumenta de lá, pronto! Com esperteza e inteligência, conseguia tudo o que queria!
Hábeis em captar as cores do mundo, e perceber a beleza de todas as coisas, nos ensinou a arte do otimismo.
Pouco tempo depois recebemos outro presente! Desta vez, foi o maior e mais bonito sorriso do mundo!
Novamente, que alegria!
O sorriso emanava carinho. Por vezes mimado, ia de mulher à menina em segundos.
Que expressão era aquela? Como de um corpo tão frágil poderia emergir energias tão positivas? Não há muito o que falar quando apenas um sorriso era capaz de transmitir tantas coisas boas, e quando um simples gesto completava o que não entediamos. O sorriso só nos fez compreender, que para a vida, em vez de respostas complexas e teorias mirabolantes, talvez, porque não, apenas um sorriso.
Eu nem ia comentar. Longe de mim fazer fofoca. Mas há quem diga, que os olhos azuis assim como o sorriso grande, fizeram alguns corações baterem mais forte! O que para mim, não causa nenhum espanto, uma vez que possuem tanto carisma e beleza!
Os laços foram se formando e a nossa historia foi sendo construída, a cada dia de aula, a cada churrasco, a cada festa, viagens e comemorações.
Quantos momentos felizes, literalmente falando, pois as crises de riso eram freqüentes. E lá estavam o Sorriso Grande e os Olhos Azuis, sempre presentes, sempre iluminado.
Por algum motivo, que vai além de nossa compreensão, Deus fechou os olhos e calou o sorriso. O brilho de ambos continua presente em nossas memórias e sentidos em nossos corações. Para nós, são lembranças, mas a verdade é que continuam a brilhar, apenas estão invisíveis às vistas humanas.
Somos uma turma diferente, especial. Não porque tivemos perdas, mas sim porque ganhamos. Ganhamos a solidariedade, ganhamos fortalecimento de laços, ganhamos carinho, beijo, abraço. Fizemos festa, fomos felizes, ficamos tristes, choramos juntos, ficamos bêbados, elaboramos o luto! E acima de tudo, aprendemos!
Aprendemos que ser feliz é uma escolha. Aprendemos que Meninas são Mulheres e que Bonecas de Porcelana podem sim serem fortes!
Como estrelas cadentes que riscam o céu, algumas pessoas passam rapidamente por nossas vidas. Iluminam, engrandecem, embelezam nossas noites e se vão. Não deixam de existir, apenas vão para outro lugar!

terça-feira, 31 de maio de 2011

LIVE AND LET DIE

Um dia desses me perguntaram o que é AMOR. Imediatamente respondi “Live and let die”. O retorno que obtive de quem havia me questionado foi rápido ao pontuar a superficialidade de tal definição.

Tudo bem, sem problemas. Compreendo que cada pessoa ‘define’ o amor de forma diferente. Contudo, aí vai a minha forma de pensar o sentimento mais complexo para o homem.

Confesso que para mim, de complexo o amor nada tem. A meu ver, ele, em sua simplicidade está embutido timidamente num emaranhado de sensações. Sentimentos misturados que talvez, faça-nos crer que é amor, entretanto, cabe a nós, identificá-lo para assim saber se de fato existe.

Torna-se quase impossível explicar o amor, sem antes explanar minhas considerações sobre ‘relacionamentos’.

Para viver com alguém, é necessário muito mais do que somente amor. Talvez aí esteja a grande confusão. É válido esclarecer que quando utilizo a expressão ‘viver com alguém’, me refiro ao sentido literal da palavra, ou seja, tornar-se vivo. Nada tem a ver com dormir e acordar juntos, ou utilizar a mesma pasta de dente, mas sim com sentir-se vivo ao compartilhar momentos. O mesmo vale para a palavra relacionamento, onde eu a utilizo no sentido de estabelecer relações, fazer contato com o outro. E se isto é nomeado através de rótulos como ‘namoro’, ‘noivado’ ou ‘casamento’, pouco importa, mais uma vez, o que tem real valor aqui, é relacionar-se e viver.

Um relacionamento, ou melhor, um bom relacionamento é composto de vários ingredientes essenciais. Com uma pitada disso, pouco mais daquilo, menos daquele outro e assim por diante.

Logicamente não existe uma fórmula mágica, nem mesmo trata-se de uma receita de bolo. No entanto, certas características possuem significativa relevância. Cito então, as que para mim, são indiscutivelmente necessárias começando pelo respeito. Este é o responsável por manter a dignidade num relacionamento. Já a cumplicidade, possui incrível capacidade em fortalecer os laços. A compaixão se encarrega pela ajuda mútua, ao passo que o carinho pelo gostinho de quero mais. A paixão, aah a paixão, esse sim é um ingrediente delicioso, responsável pela manutenção das ‘Borboletas no Estômago’. A confiança pelo estabelecimento da paz, pois confiar, é permanecer com a mente livre e o coração tranqüilo. A compreensão pela possibilidade do perdão, compreender é entender o porquê, e entender, é se colocar humanamente frente ao outro com plena consciência de que também é possuidor de fraquezas e vulnerabilidades, sendo assim, igualmente apto a cometer erros. A admiração se encarrega pelo apoio e incentivo, admirar uma pessoa é acreditar nela e consequentimente dar-lhe força para seguir em frente. A honestidade tem o importante papel de proporcionar calmaria e um sono tranquilo. Ser honesto é ser correto. Minha mãe sempre diz que, se você faz as coisas certas, não há com o que se preocupar, pois no ‘final’, tudo se resolve, e se tens esta certeza, tens também a capacidade de dormir bem. O sexo, aah o sexo, este anda de mãos dadas com a paixão, e serve para exaltar os prazeres, aliviar as tensões e principalmente conectar-se ao outro de forma indescritível. Por fim, cito a paciência. Neste contexto, ela surge quase que como uma qualidade divina, pois sem ela, as anteriormente ditas, dificilmente seriam exercidas com êxito, uma vez que características e sentimentos virtuosos são estabelecidos através de constante exercício. Certamente, não falei sobre tudo aquilo que compõe um belo relacionamento, entretanto, se existem alguns destes itens, os outros aos poucos se tornarão presentes. Lembre-se, coisa boa gera mais coisa boa!

Entendo que todos estes ingredientes, podem ser adquiridos e desenvolvidos ao longo do tempo com as experiências da vida. Todavia, são justificáveis e trazem consigo um ganho secundário.

Mas e o amor? Oras, amor é amor!!!

Ele existe sem uma relação, ao passo que uma relação não sobrevive sem ele. Para manter uma relação, você precisa de tudo aquilo citado anteriormente, de forma recíproca. Para amar é necessário apenas amor, e este, nem precisa ser devolvido!

O amor é gratuito!

‘Live and let die’, resume o amor, pois viver é seguir em frente mesmo perante a ausência do ser amado, sem que sentimentos negativos lhe consumam a alma. O amor é leve! E ‘deixar morrer’, é desejar ao outro as coisas mais belas do mundo mesmo que nestas, não estejas incluso. Contudo, o que morre aqui, são os sentimentos egocêntricos capazes de prender e sufocar. Aliás, estes nem existem. O amor não traz consigo anseios de posse, tampouco inveja ou ciúmes. O amor não causa angustia ou confusão. Ao contrário, permite-lhe compreender, aceitar e emanar coisas positivas sem aguardar retorno algum. Amar é deixar partir sem que partido fique o seu coração! As ‘dores de amor’, para mim são dores provenientes de qualquer outro sentimento, menos do amor, pois amar não dói, apenas engrandece!

Quem o sente em sua verdadeira forma, não sabe o porquê, de onde veio, nem mesmo o que irá acontecer. Não há preocupações! Chico Buarque ilustra o amor com simplicidade e brilhantismo na célebre frase “Porque ela era ela e eu era eu”! Simples assim, sem mais justificativas! Correspondido ou não, amor é amor! Existe e ponto! Se é para sempre, ou se acontece apenas uma vez, não sei, não importa. Enquanto isso, vou amando gratuitamente a vida! Afinal de contas, amor gera mais amor!!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

POUPANÇA DE VIRTUDES

Uma vez me disseram assim: “Deve ser foda ser feio né?!” Achei engraçado e até concordei. Mas refletindo melhor sobre o assunto, penso que discordo totalmente uma vez que beleza física pouco importa. Parece clichê não é mesmo?! Que seja então, não ligo.

Quem define o outro como feio, deve no mínimo se considerar bonito, automaticamente se colocando em uma posição superior. E era exatamente este o movimento de Narciso. Por rejeitar a Ninfa Eco, Narciso foi condenado a apaixonar-se por si próprio, e ao se deparar com a impossibilidade de viver esta paixão, mergulhou até que a vida lhe fosse tomada. Esta breve passagem pela Mitologia Grega ilustra com perfeição o vazio de uma sociedade contaminada pela própria vaidade.

A verdade é que ao pensar melhor sobre o assunto, conclui que uma pessoa narcisista, gasta tanto tempo na busca incessante por inflar o ego que se esquece de cultivar aspectos essenciais para o futuro, mais especificamente para a velhice onde a beleza física não mais existirá.

É claro que aqui, utilizo a expressão narcisista em sua forma mais pejorativa, associando o termo ao egoísmo. Porém, para quem conhece mais a fundo a expressão, sabe que existe uma dosagem adequada para o estabelecimento de boas relações, pois estas não sobrevivem sem amor próprio.

Feio ou bonito, rico ou pobre, não importa. Ninguém escapa das marcas do tempo a não ser que se morra jovem. Contudo, o que sobra da juventude é o brilho nos olhos provenientes dos bons feitos somados ao longo dos anos. Isso me faz pensar que quem se preocupa apenas consigo mesmo, não possui capacidade de cultivar alegrias benevolentes, que para mim, são as que permanecem e possuem verdadeiro valor.

Um narcisista pode até achar que faz coisas boas, pode até se julgar feliz, pois sem consciência de uma essência mais humana, visualiza e prioriza o externo, contudo, baseia sua existência naquilo TEM, e com aquilo que VÊ, sem acessar conteúdos mais profundos. 

Logo, a meu ver, o foda mesmo é ser narcisista, pois deve ser realmente foda envelhecer sem uma ‘poupança’ de virtudes. 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

DE GATA À BORRALHEIRA

Há quem diga que de morena, gorda e princesa não tenho nada!

O texto a seguir, é dedicado a estas pessoas!

Contos de fadas ainda são presentes em minha vida. Aliás, sinto que jamais deixarão de existir e contribuir para com minha essência, afinal fizeram parte da minha infância e do meu desenvolvimento, contudo eu acredito no amor e também no “Felizes para Sempre”.

Devaneios a parte, tragamos para o real meu conto de fadas preferido, “Branca de Neve e os Sete Anões”, o primeiro longa de animação da Disney lançado em 1937, um clássico!

Quem conhece o filme sabe que seus primeiros aproximados nove minutos ilustram o encontro da Branca de Neve com seu príncipe, onde ela conversa com pombos e canta uma bela musica. E realmente quem me conhece, sabe que eu sei cantar a mesma.

Quando mora-se numa casa com portões e não muros, torna-se pertinente certa discrição ao realizar qualquer atividade no quintal. Pena que isso me ocorreu apenas após determinado acontecimento, além do mais, que mal tem lavar o carro num belo dia de sol, cantando em alto e bom tom a música da Branca de Neve vestida como, digamos assim, uma princesa antes da transformação da fada madrinha. Sem falar que mulheres ficam sexys lavando carros, apenas em filmes, onde são enfatizadas as gotículas de água nas belas e morenas curvas das hollywoodianas, e nem que eu quisesse isso seria possível. Curvas de menos e bronzeado, bem, vou pular esta parte.

No mundo feminino é comum ouvir que é apropriado estar sempre minimamente apresentável, pois nunca se sabe, ele pode aparecer na fila do pão. Entretanto, nossa casa talvez seja o único lugar no qual possamos ficar realmente “avacalhadas”, afinal de contas diferente dos Contos de Fadas o príncipe jamais chegará num cavalo branco e baterá a sua porta. Mas sim, ele pode chegar numa caminhonete e ainda por cima buzinar!

Que surpresa! Que acontecimento inesperado!

Repentinamente eu estava frente a um suposto “príncipe” perdido nas redondezas de meu reino, e que pedira auxílio a fim de encontrar seu caminho. Tudo bem, ele apenas gostaria de uma informação, mas o fato é que agora eu contracenava com ele mais um capítulo do meu “Conto de Fadas”. Não demorei a sacar que de “gata borralheira” me restava apenas o borralheira, pois logo julguei que um coque no alto da cabeça sustentado por um elástico de meia com certeza não é um dos “penteados” mais atraentes, ainda mais quando este é incrementado com uma faixa colorida para que a franja não incomode. Tudo bem, tais cores eram para combinar com as meias laranjas e as havaianas vermelhas. Sim, eu uso meia com havaianas, e você também, confesse! Para complementar, o look era composto também de uma calça de moletom cinza e uma blusa de lã de 1990 e alguma coisa...preciso dizer que rímel passou longe?

O coração que batia apressado pela presença do “príncipe perdido” agora batia quase que para desencadear uma fuga, mas meu teimoso cérebro optou pela imobilização afetando levemente minha fala.

Branca de Neve não! Com maestria, fisgou o coração do pretendente! Naturalmente demonstrou-se surpresa levando uma das mãos com delicadeza à boca, em seguida correu com leveza para dentro do castelo transparecendo doses exatas de charme e timidez! Refeita, surgiu na sacada já dominando a situação eliminando qualquer possível dúvida quanto à sua beleza e feminilidade!

Já eu, ao invés de sutileza, perplexidade, no lugar de leves movimentos, pequenos espasmos transparecendo o nervosismo. Logo ficou visível que o “príncipe” além de não perceber que eu era uma princesa, constatou também que à sua frente estava uma plebéia gaga.

Que amadora!

Não havia sequer um caçador de coração mole para me defender, nem mesmo um sapatinho de cristal para me revelar, nenhum animal falante da floresta encantada, ou um dos sete anões para insinuar minha identidade. Absolutamente, não havia nada que eu pudesse fazer para tornar o momento mágico.

Virei abóbora!

De tal acontecimento concluo que tenho muito que aprender com Cinderelas e Brancas de Neve. Sem falar na certeza de que ser uma bruxa em casa e princesa lá fora não tá com nada. Pois, nunca se sabe quando seu novo vizinho irá precisar de uma xícara de açúcar!

terça-feira, 19 de abril de 2011

ABEL...ABELI...ABELHIA...

Deus ajuda quem cedo madruga!!!
Justamente por isso acordei às cinco da manhã. Os planos envolviam dar entrada no seguro desemprego e desenvolver um freela que compreende em visitar escolas e vender peças de teatro infantis.
Perfeito! Tudo planejado...arruma daqui, penteia de lá, pronto!
06h30min
Cheguei ao destino inicial certa de que seria uma das primeiras da fila. Afinal de contas o sol acabara de nascer. Por falar em fila, devo comentar sobre a enorme com a qual me deparei. Toda aquela gente portando vias ‘verde e marrom’, com objetivo de gozar de três a seis meses de um valor X oferecido pelo governo.
Que desgosto!
A que horas será que aquelas criaturas acordaram? E onde eu estava com a cabeça quando pensei que não haveria uma fila para tal num país onde 6,4% da população economicamente ativa está sem emprego?!
Hunf... Desisti!
Sem mais delongas parti para o segundo objetivo.
Primeira escola, primeiro contrato! Maravilha! Salvo o fato de que a apresentação ficou para Outubro, assim como o pagamento. Ok, sem problemas. Sigamos em frente. Frente eu estaria há uma desagradável situação minutos depois.
É sabido que lapsos são comuns. Acontecem a todo tempo e com qualquer pessoa. Mas encontrar dificuldades para escrever a palavra ‘abelhinhas’ já é demais.
Que saia justa!
Eu, apresentando uma proposta cultural, mediante a pedagoga da escola fiquei paralisada ao perceber minha incapacidade de transcrever esta palavra tão difícil.
Abel...abeli...abelhia...
Até que gentilmente a pedagoga pediu para verificar o que eu estava a tentar escrever e me auxiliou na conclusão da palavra. Sabe-se la o que ela pensou a meu respeito. No mínimo deve ter se perguntado se era eu a responsável pelos textos das peças e definitivamente desejado que não. A expressão “completa idiota” não serve para descrever meu sentimento naquele momento. Entretanto, com uma bela cara-de-pau e risos contornei a situação.
Ufa!
Já recomposta, eu estava novamente a discorrer sobre os espetáculos, e acreditem, ela gostou da proposta. Solicitou detalhes do trabalho, perguntou sobre possíveis datas para apresentação e ficou de dar um retorno. Que bacana, deu tudo certo! Minha intuição de vendedora diz que ela vai fechar!
Pelo menos era esta a ‘intuição’ até eu chegar em casa, abrir minha agenda e perceber que pior do que admitir não saber escrever ‘abelhinha’ é escrever com toda convicção deste mundo a palavra ‘assoSSiação’ assim!
Sim, o nome da escola era Associação das Abelhinhas! Fofo não?!
Grande foi minha tristeza quando o Google confirmou minha suspeita!
Que horror! Quanta vergonha! E o pior, é que nem foi alheia...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

CAMINHADA NO PARQUE

Um de meus primeiros pensamentos relevantes foi o fato de uma sedentária e assídua consumidora de cerveja estar num parque às 8 da manhã, fantasiada de “geração saúde”, caminhando, se alongando e tudo mais. Isso me leva a pensar duas coisas. A primeira é que de fato existe aí uma tentativa de mudar, aprimorar, elevar a qualidade de vida, etc e tal. E a segunda é que você pode ser qualquer coisa desde que seu estereótipo esteja de acordo com aquilo que queira transmitir. O fato é que apenas você sabe suas próprias verdades.

Ou não!

À minha esquerda pude visualizar um grupo de adolescentes com suas mochilas coloridas, onde um deles carregava uma sacola com duas garrafas de coca-cola dois litros e certamente, sem sombra de dúvidas, em algum lugar, havia também um litro de pinga da pior espécie possível.

Aah meus dezessete anos!!!

Pareceu um comentário saudoso? Definitivamente não foi com esta intenção, uma vez que saudade dessa época eu não tenho é nenhuma!!! Salvo a saudade do belo par de peitos e da coragem que se tem apenas quando se é adolescente, uma forma destemida de viver, uma certeza de que se é imortal...Aah meus dezessete anos!!! O grupo de adolescentes foi ficando distante, assim como eu de minha adolescência.


Neste momento já podia sentir uma dor na bunda e certo ardume nas canelas. Pensei...Minha nossa! Mas que canelas ardidas! Analisei mais a fundo a expressão “canelas ardidas” e soltei uma bela gargalhada. Perguntei-me, que graça tem arder as canelas?! Me ocorreu então, a incrível capacidade que tenho de me divertir comigo mesma e como eu adoro isso em mim. Em seguida pude refletir sobre o porquê não tenho o costume de fazer coisas sozinha, já que eu e eu mesma nos damos tão bem. Assim como esperado, conclui que não há motivos, portanto, não há empecilhos. Foi aí que então, combinei comigo mesma de ir ao cinema, teatro, fazer compras, comer coisas gostosas dentre outros programas que anteriormente julgava extremamente necessária a presença de outrem. Finalizei meu raciocínio determinando que serei uma boa companhia a alguém a partir do momento em que for para mim mesma!

À frente, vinha caminhando uma mulher, digamos assim, acima do peso, também fantasiada de geração saúde, porém menos inserida neste personagem uma vez que estava a fumar tranquilamente um cigarrinho, que aliás deveria ser seu café da manhã. Afinal de contas, nada melhor do que caminhadas e cigarros para emagrecer. Imediatamente percebi aquilo como contraditório, e não fui a única, pois logo em seguida, atrás da moça “geração saúde”, vinha um rapaz, e que rapaz, que sinalizou aquela cena de forma discordante me olhando em seguida. A minha expressão certamente concordou com a dele, pois acabamos sorrindo um para o outro. Que lindo! Descobri que é possível paquerar no parque, segunda-feira as 8 da matina. Bem, neste momento deveria ser umas 9 horas talvez. Enfim, fiquei contente com a descoberta e certamente a “palhaçada” toda tornou-se bem mais interessante. Assim que passei pelo belo moço reparei que havia enrubescido e que ainda estava a sorrir. Que cena patética. Lá estava eu novamente vivenciando meus dezessete anos...segundos depois veio a segunda gargalhada.

Agora sim, que virilidade! Repentinamente emergiu uma disposição antes desconhecida, e entre as voltas no parque meu olhar cruzava com o olhar do belo rapaz. Em certo momento, até decidi fazer um “cooperzinho”, imaginando que nós, eu e meu rabo-de-cavalo, ficaríamos lindos e sexys “saltitando” daquela maneira. Porém, nem tudo são flores e a cada olhar e tímido sorriso minhas pernas doíam mais e mais. A certa altura, muito provavelmente eu estava vermelha como um pimentão, respirando como um obeso asmático e com a fisionomia de um plantonista que além de realizar o seu trabalho, ainda cobriu a folga de um colega. Neste momento descobri que quando a sola do tênis começa a raspar no chão é hora de parar. Quando me dei conta, sequer sabia se conseguiria chegar até o carro, fiquei tensa com a possibilidade do “bofe saúde” aparecer e perceber meu estado. Mas pensei positivo e segui em frente. Deu certo! Nem foi tão difícil assim, além do mais, mantive meus pensamentos na espetacular farmácia que tem perto de casa, onde na qual parei para comprar um relaxante muscular, afinal de contas ... amanhã tem mais!!!