terça-feira, 31 de maio de 2011

LIVE AND LET DIE

Um dia desses me perguntaram o que é AMOR. Imediatamente respondi “Live and let die”. O retorno que obtive de quem havia me questionado foi rápido ao pontuar a superficialidade de tal definição.

Tudo bem, sem problemas. Compreendo que cada pessoa ‘define’ o amor de forma diferente. Contudo, aí vai a minha forma de pensar o sentimento mais complexo para o homem.

Confesso que para mim, de complexo o amor nada tem. A meu ver, ele, em sua simplicidade está embutido timidamente num emaranhado de sensações. Sentimentos misturados que talvez, faça-nos crer que é amor, entretanto, cabe a nós, identificá-lo para assim saber se de fato existe.

Torna-se quase impossível explicar o amor, sem antes explanar minhas considerações sobre ‘relacionamentos’.

Para viver com alguém, é necessário muito mais do que somente amor. Talvez aí esteja a grande confusão. É válido esclarecer que quando utilizo a expressão ‘viver com alguém’, me refiro ao sentido literal da palavra, ou seja, tornar-se vivo. Nada tem a ver com dormir e acordar juntos, ou utilizar a mesma pasta de dente, mas sim com sentir-se vivo ao compartilhar momentos. O mesmo vale para a palavra relacionamento, onde eu a utilizo no sentido de estabelecer relações, fazer contato com o outro. E se isto é nomeado através de rótulos como ‘namoro’, ‘noivado’ ou ‘casamento’, pouco importa, mais uma vez, o que tem real valor aqui, é relacionar-se e viver.

Um relacionamento, ou melhor, um bom relacionamento é composto de vários ingredientes essenciais. Com uma pitada disso, pouco mais daquilo, menos daquele outro e assim por diante.

Logicamente não existe uma fórmula mágica, nem mesmo trata-se de uma receita de bolo. No entanto, certas características possuem significativa relevância. Cito então, as que para mim, são indiscutivelmente necessárias começando pelo respeito. Este é o responsável por manter a dignidade num relacionamento. Já a cumplicidade, possui incrível capacidade em fortalecer os laços. A compaixão se encarrega pela ajuda mútua, ao passo que o carinho pelo gostinho de quero mais. A paixão, aah a paixão, esse sim é um ingrediente delicioso, responsável pela manutenção das ‘Borboletas no Estômago’. A confiança pelo estabelecimento da paz, pois confiar, é permanecer com a mente livre e o coração tranqüilo. A compreensão pela possibilidade do perdão, compreender é entender o porquê, e entender, é se colocar humanamente frente ao outro com plena consciência de que também é possuidor de fraquezas e vulnerabilidades, sendo assim, igualmente apto a cometer erros. A admiração se encarrega pelo apoio e incentivo, admirar uma pessoa é acreditar nela e consequentimente dar-lhe força para seguir em frente. A honestidade tem o importante papel de proporcionar calmaria e um sono tranquilo. Ser honesto é ser correto. Minha mãe sempre diz que, se você faz as coisas certas, não há com o que se preocupar, pois no ‘final’, tudo se resolve, e se tens esta certeza, tens também a capacidade de dormir bem. O sexo, aah o sexo, este anda de mãos dadas com a paixão, e serve para exaltar os prazeres, aliviar as tensões e principalmente conectar-se ao outro de forma indescritível. Por fim, cito a paciência. Neste contexto, ela surge quase que como uma qualidade divina, pois sem ela, as anteriormente ditas, dificilmente seriam exercidas com êxito, uma vez que características e sentimentos virtuosos são estabelecidos através de constante exercício. Certamente, não falei sobre tudo aquilo que compõe um belo relacionamento, entretanto, se existem alguns destes itens, os outros aos poucos se tornarão presentes. Lembre-se, coisa boa gera mais coisa boa!

Entendo que todos estes ingredientes, podem ser adquiridos e desenvolvidos ao longo do tempo com as experiências da vida. Todavia, são justificáveis e trazem consigo um ganho secundário.

Mas e o amor? Oras, amor é amor!!!

Ele existe sem uma relação, ao passo que uma relação não sobrevive sem ele. Para manter uma relação, você precisa de tudo aquilo citado anteriormente, de forma recíproca. Para amar é necessário apenas amor, e este, nem precisa ser devolvido!

O amor é gratuito!

‘Live and let die’, resume o amor, pois viver é seguir em frente mesmo perante a ausência do ser amado, sem que sentimentos negativos lhe consumam a alma. O amor é leve! E ‘deixar morrer’, é desejar ao outro as coisas mais belas do mundo mesmo que nestas, não estejas incluso. Contudo, o que morre aqui, são os sentimentos egocêntricos capazes de prender e sufocar. Aliás, estes nem existem. O amor não traz consigo anseios de posse, tampouco inveja ou ciúmes. O amor não causa angustia ou confusão. Ao contrário, permite-lhe compreender, aceitar e emanar coisas positivas sem aguardar retorno algum. Amar é deixar partir sem que partido fique o seu coração! As ‘dores de amor’, para mim são dores provenientes de qualquer outro sentimento, menos do amor, pois amar não dói, apenas engrandece!

Quem o sente em sua verdadeira forma, não sabe o porquê, de onde veio, nem mesmo o que irá acontecer. Não há preocupações! Chico Buarque ilustra o amor com simplicidade e brilhantismo na célebre frase “Porque ela era ela e eu era eu”! Simples assim, sem mais justificativas! Correspondido ou não, amor é amor! Existe e ponto! Se é para sempre, ou se acontece apenas uma vez, não sei, não importa. Enquanto isso, vou amando gratuitamente a vida! Afinal de contas, amor gera mais amor!!!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

POUPANÇA DE VIRTUDES

Uma vez me disseram assim: “Deve ser foda ser feio né?!” Achei engraçado e até concordei. Mas refletindo melhor sobre o assunto, penso que discordo totalmente uma vez que beleza física pouco importa. Parece clichê não é mesmo?! Que seja então, não ligo.

Quem define o outro como feio, deve no mínimo se considerar bonito, automaticamente se colocando em uma posição superior. E era exatamente este o movimento de Narciso. Por rejeitar a Ninfa Eco, Narciso foi condenado a apaixonar-se por si próprio, e ao se deparar com a impossibilidade de viver esta paixão, mergulhou até que a vida lhe fosse tomada. Esta breve passagem pela Mitologia Grega ilustra com perfeição o vazio de uma sociedade contaminada pela própria vaidade.

A verdade é que ao pensar melhor sobre o assunto, conclui que uma pessoa narcisista, gasta tanto tempo na busca incessante por inflar o ego que se esquece de cultivar aspectos essenciais para o futuro, mais especificamente para a velhice onde a beleza física não mais existirá.

É claro que aqui, utilizo a expressão narcisista em sua forma mais pejorativa, associando o termo ao egoísmo. Porém, para quem conhece mais a fundo a expressão, sabe que existe uma dosagem adequada para o estabelecimento de boas relações, pois estas não sobrevivem sem amor próprio.

Feio ou bonito, rico ou pobre, não importa. Ninguém escapa das marcas do tempo a não ser que se morra jovem. Contudo, o que sobra da juventude é o brilho nos olhos provenientes dos bons feitos somados ao longo dos anos. Isso me faz pensar que quem se preocupa apenas consigo mesmo, não possui capacidade de cultivar alegrias benevolentes, que para mim, são as que permanecem e possuem verdadeiro valor.

Um narcisista pode até achar que faz coisas boas, pode até se julgar feliz, pois sem consciência de uma essência mais humana, visualiza e prioriza o externo, contudo, baseia sua existência naquilo TEM, e com aquilo que VÊ, sem acessar conteúdos mais profundos. 

Logo, a meu ver, o foda mesmo é ser narcisista, pois deve ser realmente foda envelhecer sem uma ‘poupança’ de virtudes. 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

DE GATA À BORRALHEIRA

Há quem diga que de morena, gorda e princesa não tenho nada!

O texto a seguir, é dedicado a estas pessoas!

Contos de fadas ainda são presentes em minha vida. Aliás, sinto que jamais deixarão de existir e contribuir para com minha essência, afinal fizeram parte da minha infância e do meu desenvolvimento, contudo eu acredito no amor e também no “Felizes para Sempre”.

Devaneios a parte, tragamos para o real meu conto de fadas preferido, “Branca de Neve e os Sete Anões”, o primeiro longa de animação da Disney lançado em 1937, um clássico!

Quem conhece o filme sabe que seus primeiros aproximados nove minutos ilustram o encontro da Branca de Neve com seu príncipe, onde ela conversa com pombos e canta uma bela musica. E realmente quem me conhece, sabe que eu sei cantar a mesma.

Quando mora-se numa casa com portões e não muros, torna-se pertinente certa discrição ao realizar qualquer atividade no quintal. Pena que isso me ocorreu apenas após determinado acontecimento, além do mais, que mal tem lavar o carro num belo dia de sol, cantando em alto e bom tom a música da Branca de Neve vestida como, digamos assim, uma princesa antes da transformação da fada madrinha. Sem falar que mulheres ficam sexys lavando carros, apenas em filmes, onde são enfatizadas as gotículas de água nas belas e morenas curvas das hollywoodianas, e nem que eu quisesse isso seria possível. Curvas de menos e bronzeado, bem, vou pular esta parte.

No mundo feminino é comum ouvir que é apropriado estar sempre minimamente apresentável, pois nunca se sabe, ele pode aparecer na fila do pão. Entretanto, nossa casa talvez seja o único lugar no qual possamos ficar realmente “avacalhadas”, afinal de contas diferente dos Contos de Fadas o príncipe jamais chegará num cavalo branco e baterá a sua porta. Mas sim, ele pode chegar numa caminhonete e ainda por cima buzinar!

Que surpresa! Que acontecimento inesperado!

Repentinamente eu estava frente a um suposto “príncipe” perdido nas redondezas de meu reino, e que pedira auxílio a fim de encontrar seu caminho. Tudo bem, ele apenas gostaria de uma informação, mas o fato é que agora eu contracenava com ele mais um capítulo do meu “Conto de Fadas”. Não demorei a sacar que de “gata borralheira” me restava apenas o borralheira, pois logo julguei que um coque no alto da cabeça sustentado por um elástico de meia com certeza não é um dos “penteados” mais atraentes, ainda mais quando este é incrementado com uma faixa colorida para que a franja não incomode. Tudo bem, tais cores eram para combinar com as meias laranjas e as havaianas vermelhas. Sim, eu uso meia com havaianas, e você também, confesse! Para complementar, o look era composto também de uma calça de moletom cinza e uma blusa de lã de 1990 e alguma coisa...preciso dizer que rímel passou longe?

O coração que batia apressado pela presença do “príncipe perdido” agora batia quase que para desencadear uma fuga, mas meu teimoso cérebro optou pela imobilização afetando levemente minha fala.

Branca de Neve não! Com maestria, fisgou o coração do pretendente! Naturalmente demonstrou-se surpresa levando uma das mãos com delicadeza à boca, em seguida correu com leveza para dentro do castelo transparecendo doses exatas de charme e timidez! Refeita, surgiu na sacada já dominando a situação eliminando qualquer possível dúvida quanto à sua beleza e feminilidade!

Já eu, ao invés de sutileza, perplexidade, no lugar de leves movimentos, pequenos espasmos transparecendo o nervosismo. Logo ficou visível que o “príncipe” além de não perceber que eu era uma princesa, constatou também que à sua frente estava uma plebéia gaga.

Que amadora!

Não havia sequer um caçador de coração mole para me defender, nem mesmo um sapatinho de cristal para me revelar, nenhum animal falante da floresta encantada, ou um dos sete anões para insinuar minha identidade. Absolutamente, não havia nada que eu pudesse fazer para tornar o momento mágico.

Virei abóbora!

De tal acontecimento concluo que tenho muito que aprender com Cinderelas e Brancas de Neve. Sem falar na certeza de que ser uma bruxa em casa e princesa lá fora não tá com nada. Pois, nunca se sabe quando seu novo vizinho irá precisar de uma xícara de açúcar!